Atenção individualizada e baixos índices de infecção estão entre os diferenciais dessas instituições de saúde

Seja para tratar um problema de saúde ou fazer um procedimento estético, os hospitais de pequeno porte, que oferecem até 50 leitos, se destacam pela segurança na realização de cirurgias eletivas. Com taxas de infecção hospitalar muito abaixo do limite de 5%, estabelecido pelo Ministério da Saúde (OMS), atendimento próximo do paciente, estruturas equipadas com Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e equipes capacitadas, essas instituições são recomendadas por profissionais de saúde para pacientes de baixo risco.
O médico e cirurgião plástico Henrique Marquezine explica que as cirurgias plásticas precisam ser realizadas em centros cirúrgicos bem equipados e focados em procedimentos programados, que tenham suporte para emergência, com leitos de UTI de retaguarda, e equipe de anestesia bem treinada. Estes são fatores, segundo ele, que fazem toda a diferença para a segurança e o sucesso da intervenção. O especialista, que opera há mais de cinco anos no Hospital São Francisco, em Cambé, diz que a estrutura e o atendimento oferecidos pelos hospitais menores possuem vantagens significativas.
“A equipe consegue dar uma assistência mais individualizada, o que é essencial no pós-operatório, quando o paciente está sensibilizado e necessita de cuidados e atenção”, explica Marquezine.
Outros pontos importantes a serem levados em conta na hora da escolha do local para a cirurgia plástica é a taxa de infecção hospitalar e a experiência da equipe.
“Você deve optar por um hospital com baixo índice de infecção, uma equipe acostumada a lidar com pacientes de cirurgia plástica e uma UTI de retaguarda, como se fosse o estepe de um carro. Você espera não precisar usar, mas precisa saber que está ali, pronto para qualquer eventualidade”, recomenda.

Além da segurança estrutural, para Marquezine, o acolhimento faz parte da experiência positiva em hospitais menores.
“É muito frequente que os pacientes elogiem o acolhimento e o nível de atenção oferecidos pela equipe. Tanto no centro cirúrgico quanto nos apartamentos, o atendimento é próximo e humano, o que proporciona uma recuperação mais tranquila e confiante”, completa.
Infecção hospitalar
Daniel Kakitani, médico infectologista e coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital São Francisco, onde as taxas de infecção hospitalar ficam abaixo de 0,5, explica que a infecção hospitalar é toda infecção adquirida durante a internação ou após alguma intervenção realizada em uma unidade de saúde. Elas são causadas por bactérias, que podem vir do próprio paciente ou a partir de falhas em procedimentos realizados por profissionais de saúde, materiais contaminados, contato com pessoas infectadas. Segundo ele, as infecções pós-cirúrgicas podem ter consequências graves.
“Por exemplo, se uma prótese de mama infectar, será necessário removê-la, o que pode causar cicatrizes e outros problemas. Optar por um hospital com baixa taxa de infecção reduz significativamente esse risco”, alerta.

Kakitani avisa que os pacientes podem buscar informações sobre as taxas de infecção hospitalar disponíveis nos sites das secretarias de saúde dos municípios.
“Hospitais de menor complexidade e com menor lotação tendem a ter taxas de infecção mais baixas, o que proporciona maior segurança”, observa.
O infectologista explica que um conjunto de fatores impacta nas baixas taxas de infecção: limpeza e higiene dos ambientes, manejo correto e manutenção adequada dos materiais, técnica cirúrgica, funcionários bem treinados. De acordo com o especialista, a receita é simples, depende do cumprimento integral dos protocolos hospitalares e de uma equipe de CCIH capacitada para detectar e corrigir rapidamente possíveis falhas.
“Em um hospital menor, isso é mais fácil. Nos grandes hospitais, o paciente é apenas um número e quanto maior a complexidade, mais pessoas graves estão na frente”, compara.
Existe, ainda, a importância do papel dos pacientes no processo. Para evitar complicações pós-cirúrgicas, Kakitani destaca que é fundamental seguir todas as orientações médicas, antes e depois da cirurgia, e cobrar essas informações, caso elas não sejam fornecidas pelo especialista.
Segurança hospitalar
A Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar (APARCIH), presidida pelo enfermeiro André Luiz Parmegiani de Oliveira, tem trabalhado na disseminação de boas práticas em controle de infecções. A associação promove eventos, como a Jornada Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar e o Fórum de Prevenção de Infecção na Prática, além de reuniões científicas mensais em parceria com hospitais e secretarias de saúde.
Segundo Parmegiani, o fortalecimento técnico dos profissionais de saúde é uma das prioridades da associação. “Nosso objetivo é fornecer apoio técnico-científico e promover o intercâmbio de informações para os profissionais que atuam no controle de infecção hospitalar. Durante a pandemia, utilizamos ferramentas on-line para realizar simpósios e lives, levando informações atualizadas para profissionais em todo o Estado e até fora dele”, relata.
Ele também destaca a importância das parcerias institucionais e informa que a APARCIH trabalha em conjunto com a Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa), a Divisão de Vigilância Sanitária e Epidemiológica e secretarias municipais para ampliar o alcance das ações. “Eventos como o Infecto Londrina e a Jornada Paranaense de Controle de Infecção são exemplos de como conseguimos disseminar boas práticas e atualizar os profissionais em todo o Estado”, cita.
Além dos eventos, a APARCIH realiza reuniões científicas em instituições parceiras, promovendo discussões sobre temas emergentes como resistência antimicrobiana e novas doenças infecciosas. Os encontros têm como objetivo fortalecer o conhecimento técnico dos profissionais e, consequentemente, melhorar a segurança dos pacientes nos hospitais.
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